terça-feira, 29 de setembro de 2009

Meu Último Desenho

Vou-me embora sem vontade
Sem que faça nenhum som
Tudo é ruim e tudo é bom
Me entrego à eternidade

É você que nada sabe
Tudo vê e em tudo crê
Não sou como é você
Sem perdão, tudo se acabe

Sem resposta, sem razão
Peço que nunca mais volte
A machucar o coração

Tiro a vida que não tenho
Para que nunca mais solte
O meu último desenho

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Music

[...]
- Ha! Music lover, right?
- He's fond of music.
- Aren't we all?
[...]

Música, música, e música!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Lucidez da Fuga

O que sinto e o que penso me confundem. Não sei o que é loucura e o que é prazer, tudo anda bagunçado em pensamentos perdidos. Pequenas coisas desaparecem e reaparecem, coisas me atormentam, coisas me fazem feliz, coisas me deixam maluco. É uma insanidade contida como sempre foi, mas às vezes parece que vai explodir. Tenho vontade de explodir mesmo, vontade de gritar e soltar tanta coisa. A vida é uma grande farsa em boa parte dela, e a gente se acostuma tanto que a farsa é automática. Tenho medo dos meus eventuais surtos de arrogância e negatividade. Às vezes me expresso de forma tão pesada que eu me sinto desprezível. E a negatividade não é de pessimismo, é de força negativa mesmo. Odeio esse meu lado, e sei que ele aflora quando algo está me encomodando por dentro. Diversas coisas, talvez. Nesse ano o fim não é apenas o fim de um ano. A espera não é pelas férias. É o fim de um ciclo. A espera é por uma nova vida, um novo começo. Totalmente novo. E está perto demais. E querer explodir não significa sair atirando para qualquer lado. Na verdade, não há lado para se atirar. E há modos de agir que tiram alguns pontos da gente.
A loucura me atrai de um jeito, não sei porquê. Sai do padrão, não segue a rotina, não age de acordo com o contrato social. Ela cria um mundo próprio, como uma fuga de tudo que encomoda ao nosso redor. A fuga é algo que está escondido em todos, junto com a loucura, e buscar a fuga, seja da forma que for, seja da intensidade que for, é sempre um estado limite. Dos desabafos de um blog ao suicídio, a fuga é bela. É, muitas vezes, um ato isolado de lucidez. Uma lucidez vinda da loucura, um belo paradoxo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Inexistente

A escuridão tomou conta do ambiente, tomou conta de tudo. Por tempo indeterminado eu ficaria rodeado de trambolhos tecnológicos - do mais cotidiano ao mais fútil - completamente inutilizados. Nunca pensei no efeito que a falta de energia, mesmo que momentânea, causaria na minha cabeça.
Me senti inutilizado tal qual os trambolhos. Todos os impulsos, sem nenhuma exceção, levavam a algo totalmente dependente daquela energia que vinha de tão longe, que chegava a todo momento ao iluminado lar que completava e dava luz à minha vida. Vida essa que se apagou junto com as luzes do bairro inteiro. Que sensação terrível de solidão e vazio completo. O vazio ia levando a um desespero contido, que se multiplicava a cada tentativa inconsciente de driblar a falta de energia com mais energia. Aquilo levaria a uma crise iminente, e não podia deixar isso acontecer.
Em momento de aflição acabamos imóveis. Fiquei infinitos minutos preso ao sofá me sentindo como uma criança indefesa. Estava eu, imaginem só, completamente desligado do mundo: sem uma voz, um pensamento, um gesto, um texto, um nada que me fizesse sentir conectado a outro alguém.
Abri a porta e encarei uma rua num breu desconcertante e sem vida. Apesar da loucura que aquilo me causava, me senti atraído àquela sensação de inexistência. Era uma falta de brilho que iluminava tudo, uma força que me chamava e me engolia, e não me deixou resistir. Não quis resistir.
Sai andando pela rua. Sem nada na mão ou no bolso, nada que me ligasse, de alguma forma, a outro lugar ou momento que não aquele. Não ignorei meus sentimentos, minhas sensações, meus pensamentos. Era somente eu, me encarando sem nenhuma barreira ou disfarce como era de costume. A minha vida era ali, naquela hora, e nada podia distorcer o que eu sentia.
Andei por algum tempo - meia hora talvez -, até ter uma surpresa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Dias bons..

A vida anda tão animada e divertida. De repente novos sentidos surgiram, e as tudo anda com um brilho especial.
A reta final para as provas e as grandes mudanças da minha vida estão me empolgando demais. Falta tão pouco!

Em paralelo a isso, sem perceber a banda está se reunindo como se os últimos três anos não tivessem passados. Apareceu uma oportunidade de tocarmos e a empolgação voltou com força, algo que não esperava pra esse ano. E como é bom tocar com aqueles caras de novo, não mudou nada!

Ando de bom humor na escola, na sala-de-aula e etc. Estou tranquilo com tudo, e a vida na escola têm sido divertida. Junto disso surgiu uma paixãozinha platônica para deixar as coisas mais interessantes. Platônica no sentido máximo da palavra, já que as chances de um simples "oi" são um tanto quanto remotas, mas isso não deixa as coisas menos interessantes. Costumamos observar as meninas do terceiro ano, e há algum tempo venho reparando nessa em especial; acho ela incrível. É linda, sorridente, e aparentemente não é como as nojentas da sala dela. Enfim, não tenho a menor pretensão com ela, é divertido demais assim.
Já pensei em jogar uma cantada bem ridícula via internet, mas mais do tipo "você é linda e eu reparo em você" do que "quer algo comigo?", sendo este último fator secundário ou menor que isso.

E depois de finalmente terminar de ler "Laranja Mecânica", comecei nessa semana "O Apanhador no Campo de Centeio". E caramba, que belo livro! A escrita me lembra um pouco "Forrest Gump", que eu achei demais demais demais. Tinha certeza que ia gostar dele, e não me decepcionei.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Frustrações e Calmarias

Sinto falta de ter alguém do meu lado. Sempre. Estou constantemente, mesmo que de forma inconsciente, em busca de alguém definitivo. Amo ser livre e sair, falar e fazer merda, mas isso não me completa. Acho que meu espírito é velho. Quero ter família, quero ter filhos, faço até previsões para isso. No fundo eu tenho uma grande necessidade de fazer tudo do jeito que a minha família nunca foi. Quero muito fazer direito e corrigir todos os erros. Mas querer alguém não se resume a uma frustração familiar, nem pensar. É apenas uma consequência do desejo de preencher o vazio que eu tenho.

Pensar em família e pensar que existem as pessoas certas para a gente não é normal pra um homem, mas enfim. Eu gosto de sentir isso, e realmente não quero mudar, por mais que eu apanhe por isso. Gosto de gostar de alguém, gosto de criar momentos, sentimentos e uma vida que só eu e a pessoa do meu lado terá. Gosto de viver aquele amor, de viver aquilo intensamente, e me irrito de verdade quando dizem que "tem que ser dosado pra não cansar". Quer saber? Que vão pra puta que pariu. Não gosto de medir o quanto eu quero e o quanto eu gosto. O momento tem que ser vivido de verdade, e não importa quanto dure, eles ficarão pra sempre porque realmente significaram alguma coisa.

O vazio gigantesco tem se amenizado. Sei que não sumiu e nem vai, mas agora não me encomoda mais. A tristeza dos últimos tempos está sumindo, e por mais que ocorram eventuais momentos ou dias deprês, sei que a cicatriz está fechando dessa vez. Estou ficando mais tranquilo quanto a todos aqueles sentimentos bagunçados e mal resolvidos, e o anseio pela pessoa especial se acalmou. Sei que a hora vai chegar, mas enquanto isso tenho coisas mais importantes e mais divertidas para eu me ocupar.

domingo, 13 de setembro de 2009

Me Deixe Voar

Não acredito em suas mentiras e em suas verdades
Não vejo, não ouço, não existo
Estou de passagem em uma loucura despedaçada
Com diferentes intensidades e constâncias
Vivo de forma inesperada e precipitada
Não ouso desconfiar de mim mesmo
Busco as perdições e os perigos
Busco o que há de vida na vida
Me jogam sorrisos de esmola
Sem significados e sem vontade
Escolho os bons grãos no meio do lixo
E me jogo com inocência e perversão
Sou livre da forma mais presa
Não tenho caminhos para o destino certo
Sei apenas que terei onde desmaiar
E liberar o brilho desse corpo cansado
Com uma mente sem parada
Viajo intensamente pelo meu mundo de maravilhas
E não penso, não falo, não enxergo
Apenas sinto o vento me levando
Sem nunca chegar a algum fim
Os caminhos estão abertos
Me deixe voar até você

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Simples, Direta e Bela

A felicidade surge de forma inesperada, sem real explicação, sem uma justificativa definida. Simplesmente vem, e às vezes fica por um belo e brilhante tempo. E não sei escrever poemas felizes, não tem jeito. Felicidade sempre foi um ponto contra-inspiração para mim, mas é tão bom viver, e cantar, e sorrir, e dançar sozinho igual um idiota por aí. Sem paixões, sem grandes mudanças, sem nada que possa ser um motivo óbvio. Talvez a felicidade não precise de motivos, simplesmente está lá para fazer a gente rir de forma sincera, sem desespero escondido.
Quando há tristeza, eu me alimento dela. Eu aproveito seu gosto, seu tempero, suas sutis sensações de morbidez e loucura. Me inspiro, penso, e penso mais, e escrevo, e reflito, e viajo na minha insanidade. Felicidade não tem o grosso caldo de escuridão que alimenta minha auto-destruição controlada. Fabrico o sofrimento, como uma forma de prazer e falsa sensação de um "eu" destruido. A auto-destruição só existe até os limites entre imaginação e razão. É bom aumentar o sofrimento e acreditar que somos mais complicados ou mais bagunçados do que realmente somos, nos dá vida quando não vemos graça no que há em volta.
Sofrimento é complexo; mas felicidade, não. Felicidade é simples e direta. Sem justificativa, é bela porque é.

[...]
Gotas de chuva continuam caindo na minha cabeça
Mas isso não significa que meus olhos vão em breve se tornar vermelhos
Chorar não é para mim
Pois nunca vou parar a chuva reclamando
Porque eu sou livre, nada está me preocupando
[...]

*assobios e assobios*

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Shiny Happy People

Pessoas felizes e iluminadas rindo
Me encontrem na multidão
Pessoas, pessoas
Joguem seu amor por aí
Me amem, me amem
Levem-no para a cidade
Feliz, feliz
Coloquem-no no chão
Onde as flores crescem
Ouro e prata brilham

Pessoas felizes e iluminadas de mãos dadas
Pessoas felizes e iluminadas rindo

Todos em volta amem-nos, amem-nos
Coloquem-no nas suas mãos
Levem-no, levem-no
Não há tempo para chorar
Feliz, feliz
Coloquem-no no seu coração
Onde o amanha se ilumina
Ouro e prata brilham

Pessoas felizes e iluminadas de mãos dadas
Pessoas felizes e iluminadas rindo

(R.E.M. - Shiny Happy People)
(uau, um post feliz!)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O "demais" cansa..

Os meus momentos de total solidão, só eu e eu mesmo, me deixam paranóico. Às vezes com maior intensidade do que o normal. Pequenos acontecimentos e assuntos mal resolvidos na minha cabeça me torturam, me tiram a concentração, e inspiram "viagens" e nóias homéricas que fazem com que eu me sinta ainda mais ridículo e inferior.
Estou repartido, e o que me liga é a força de uma mente focada e sem um mínimo desvio em relação ao seu objetivo.
Preciso do contato com as pessoas, contato esse que acabo buscando cada vez mais distância a cada mágoa e decepção. Parece que quanto mais me abro e me arrisco, mais eu tropeço. Eu não suporto rejeição, não suporto me sentir inferior ou humilhado. E a resposta para a rejeição é rejeitar de volta tudo que vier.
Definitivamente, não funciono sozinho. Funciono, sim, racionalmente; penso e produzo sozinho. Mas meu emocional precisa de alguém do meu lado. Preciso da sensação de que eu sou essencial pra alguém assim como esse alguém é essencial para mim. Sim, não sou auto-suficiente quando se trata se sentimentos. Toda a minha força foi para o meu lado exato das coisas, enquanto o lado "mole" ficou na merda.
Não sei "jogar" com alguém quando esse alguém é importante pra mim. Toda a minha proteção vai embora quando passo a me importar com o que falo e o que faço. Me torno inseguro e submisso, e ninguém quer alguém assim. Quando eu gosto eu gosto demais, cuido demais, me importo demais; e o "demais" cansa.

Os egoístas nasceram pra se dar bem e os altruístas nasceram pra se fuder. E assim sempre será.

domingo, 6 de setembro de 2009

Desespero e Cura

Os motivos não importam quando o ato é desesperado. Não se pede compreensão, não se pede compaixão, não se pede perdão nem qualquer outro sentimento fabricado. O ato é desesperado porque ele é preciso. Quando não é mais possível suportar as pressões externas e manter tudo bravamente guardado e em silêncio como sempre foi, não existe outra saída, não existe outro pedido. O caminho é único, é revelador, e é aliviante. A esse ponto, não existe amor, não existe necessidade, não existe importância, nada pode mudar o que já foi determinado por uma mente completamente perdida e sedenta por tranquilidade e alívio. É isso que ela busca, e é assim que deve ser visto: um alívio. Querer se libertar da dor não é egoísmo. Um ato desesperado vem quando sabemos que nada mais pode resolver. Não se trata mais de ponderar o que perdemos e o que ganhamos, quem deixamos e o que todos vão pensar. Não é vontade, não é prazer; é consciência de que aquela situação não é mais suportada. O desespero traz o fim, e o fim é a única cura.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sozinho

Em todos os dias da minha vida eu penso em como tudo pode acabar de forma tão rápida. Tenho um silencioso e contido pavor de que posso nao chegar à conclusão dos meus objetivos. Silencioso de tal forma que não percebo que está lá, não penso racionalmente sobre isso, mas eu sei que está lá. O medo da falha é muito bem substituido por um forte e poderoso pensamento de sucesso que ocorre a todo momento. Sei muito bem pra onde vou. Sei quando quero e quando não quero. E se eu quero, e depende unicamente de mim, eu garanto que consigo. Trabalho e sempre trabalhei melhor sozinho; sou do tipo pôquer ao invés de truco. Um defeito, confesso eu, em diversas situações, mas na hora que é preciso deixa pra mim que eu faço.
Acho que minha vida não faria muito sentido nesse momento se eu nao estivesse tão focado no meu objetivo. Uma vida nova virá pela frente, e mal posso esperar por isso.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cicatrizes e Borrões

Sem um sentido aparente, eu me entrego a esse mar gelatinoso de pensamentos desconexos que nunca deixa de perseguir e enlouquecer minha mente já bastante enlouquecida. Plantando paradoxos e neuroses nos escassos espaços livres da insanidade crônica e calejada desse ser que vos fala, o mar é absorvido e engolido em meio a uma densa e disfarçada sensação de falta de vida, de falta de calor, de falta de qualquer coisa que possa se tornar mais uma aflição para o lixo compactado que se esconde de tudo e de todos. Lixo que, quando não é mais suportado, vai sendo dissolvido minuciosamente pelos fragmentos saudáveis de uma mente agonizante e estupidamente lúcida.
Lucidez embriagante jorrando as sensações mais loucas e puras. Não quero viver uma paz fabricada e indolor mergulhada nos traços mais bem feitos de uma paisagem brilhante e asquerosa. Quero a dor, porque a dor é vida, e "fugir da dor é fugir da própria cura". Quero traços borrados, quero as cicatrizes, quero a lucidez que me deprime e me joga num furacão de sentimentos. Viver sem dor é viver sem sentir; é como jogar areia na ventania. Terei orgulho das minhas marcas, e terei lucidez o bastante para mergulhar na gelatina de pensamentos, cheia de borrões e imperfeições, e ter a certeza de que vivi da forma mais intensa e genuína, satisfazendo toda essa insanidade sem fim.

O Vento Perdido

Tinha a todos seus sorrisos
Sem medo vivia livre
Tinha medo que fosse embora
Agora pode ser sua hora

Confusão que a trazia
A loucura chega mais perto
E como sempre era incerto
Era agora a sua mania

Nem seus sonhos avisaram
Seus sonhos agora acabados
Tinha ela então dois lados
E ela nada escolheu
E ela então se esqueceu

Seu medo era não ter medo
Medo do fim ser mais cedo
Escolheu então o que não viu
Sabia ser como se pediu

Dizia viver sem intenção
E que nada disso valia seu perdão
Seu rosto calmo se inundava
Sua boca inquieta não esperava

Passava ela a noite acordada
Encarava o breu sem esquecer
Sem esquecer do seu maior prazer
E nos seus olhos o vazio
De quem pensa muito e não diz nada

De quem já riu tanto até cair
E se sente a pessoa mais amada
E sem querer chama tudo pra si
Quieta e incerta, mas de voz calada

Mas ela vai e não se cansa
Ela vai em frente tão mansa
Sabe agora que tudo pode
E ninguém sabe mais que ela mesma

Ela vai feliz caminhando para o fim
Encara o vento e a luz de frente
Assiste toda a beleza que lhe chama
E chama mais que qualquer um
E ela nunca soube entender

Ela só sabe agora correr
Deixa suas lágrimas por onde passa
Porque agora ela entende
Ela liberou sua mente

Faz sua vida valer por inteiro
Seu medo não é mais medo
E parecia tão cedo que ela só podia sorrir
E correr mais para o seu vento

Vontade de entender e não perder
Vontade de uma vida inteira
Que ela tinha a sua frente
E parecia tão diferente
Pois agora tudo é claro

Ela encontrou seu caminho tão longe
Encontrou seu eu sempre perdido
Era tudo que ela tinha pedido
Tinha pedido e não sabia

O gosto amargo ela não conhece mais
Seus olhos fechados e boca tão quieta
Ela podia agora ser incerta
E ser o que sempre foi sem saber

E continuava a correr
Correr do nada que ela não pertencia
E que se libertaria um dia
O dia que valeu toda a sua vida

(Dez/2008)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Imerso em Lucidez

Tudo que sei é dos meus delírios mais profundos
Tão escondidos que ficam na cara
Camuflados nas mais banais e bem planejadas ações
Em que desprezo cada movimento e respiração ao meu redor
Desprezo a mim mesmo e essa falta de coragem audaciosa
E de uma petulância sem tamanho
Que me faz invejar desesperadamente a sinceridade
Da mesma forma que invejo a falsidade
Dois lados do mais perfeito escudo
Tijolos do muro da fortaleza de insanidades
E embriaguez sem fim, sem jeito e sem defeito
Tão louca como o outro lado do muro
Tão calma como o escuro, que me apavora
E me joga de volta na sinceridade sem sentido
Nas horas mais impróprias
E me deixa sem abrigo
Dividindo sua loucura apenas comigo
Imerso na mais incômoda lucidez