quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Parabéns pra mim!

O último das minhas turmas a se tornar maior de idade. Que conquista!
Algumas coisas ficam na mesma, outras mudam um pouco, mas devo dizer que é muito bom.

Com nova idade e pronto pra começar um belo novo ano.

Adoro passagens de ano. Começar do zero junto das pessoas que você ama, fazer planos, sonhar. Pra mim é um momento emocionante. E como já disse aqui, essa passagem pra mim é especial por vários motivos.
Doido para sentir 2010.

Não acredito que você tem aquela flor guardada! Aquela flor significa tanta coisa.
Três anos já.
As coisas dão voltas.
Caramba, aquela flor.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Algumas horas..

Estou tendo sonhos divertidos ultimamente. Esqueço deles depois, mas eu sei que foram legais.

Eu devo parecer uma pessoa chata e que nunca está contente com a vida com esse blog. Mas é justamente o contrário.
Eu gosto tanto de viver. Gosto do convívio das pessoas. Aliás, eu não suporto ficar sozinho, eu preciso de contato, preciso sentir alguém comigo, seja lá como for.
E aqui eu posso descarregar tudo sem azedar a vida de ninguém.
E não é nem questão de azedar. Sei lá. Eu não sinto vontade de falar essas coisas pras pessoas. As pessoas me deixam felizes, normalmente. Eu esqueço das coisas.

Quando eu fico sozinho eu me recolho. Eu paro pra pensar em tanta coisa que está errada ou que me faz falta.
Talvez não seja tanta coisa assim. Eu acabo falando sempre as mesmas coisas de modo diferente, mas enfim.

Esse blog é o mais perto que já cheguei de liberar o que me perturba. Alguns assuntos foram superados, outros eu só cansei de continuar falando; mas sempre tem algo a ser falado.

Passei um tempo em dormência. Fiquei mais de um mês entrando aqui sem conseguir pensar em nada. Sei lá o que aconteceu mas parei de sentir as coisas. Isso está passando desde que consegui parar um pouco.
Ócio não me deixa muito bem, mas preciso pensar nas coisas pra me sentir vivo.

Tive um ano incrível. Fiquei orgulhoso de mim pelo tanto que cresci. Eu sei que continuo um muleque desligado em muitas situações, mas agora eu sei que estou pronto para encarar essa nova fase.
Emocionalmente passei por momentos de merda que se arrastaram por muito mais tempo que imaginava, e que serviram de valiosas lições para a vida toda. Porém, junto disso, passei por outros momentos maravilhosos. Tantas situações e amizades diferentes. Tanta gente que eu amo.
Assuntos engasgados por anos foram cuidados, e foi muito bom.

Sei lá. Daqui algumas horas chego a um dos principais aniversários da minha vida. Não só pelo número, mas por esse ano incrível e a transição que está por vir.
Sempre haverá coisa erradas, mas e daí? Estou feliz sim.

E os últimos três posts têm interrogação no título. Quanta incerteza!

E preciso muito limpar o aquário do meu peixe. Tadinho, ele sofre comigo.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Chuva?

E a chuva heim? Cadê ela agora?

Ótimo!

(...)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Grinch?

Qual é o ponto do natal?

Parei pra pensar nisso nesses dias, e percebi como isso é uma grande bobagem.

Acho engraçado quando as pessoas dizem que natal é época de ser solidário, de ajudar os outros, de nos unirmos e de esquecermos as diferenças. Isso é estúpido. Isso é hipocrisia!
Se podemos ser assim durante um dia, ou uma semana que seja, por que não somos o ano todo então porra? Se é pra agir assim só nessa época, eu sinceramente dispenso.

Percebi como todos nós somos idiotas de comprar uma imagem de um gordo comunista e agirmos como se fosse uma época mágica de amor e felicidade. Compramos presentes e dizemos "Feliz natal!" sem nem pensarmos no que isso significa.
O que raios significa "feliz natal"? Falei essa frase algumas vezes esse ano com uma certa vergonha. Toda vez eu pensava no que raios eu estava desejando.

Eu entendo as tradições cristãs. Entendo quem festeja o natal e sabe porque está festejando. Não acredito em nada disso, mas cada um na sua. Mas acho algo muito estranho quando os próprios critãos esquecem o significado do natal.

Tudo que eu sei é que eu cansei de fingir que essa data é importante pra mim. Cansei de desejar feliz natal pras pessoas por uma convenção. Cansei de viver nessa farsa.
Dramático, mas é a verdade.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz natal?

Não tenho espírito natalino. Nem um pouco.
Fui perdendo aos poucos, e hoje não sobrou nadinha.

Não sei se é a família desunida, a falta de árvore de natal em casa, a proximidade com meu aniversário, ou o fato de eu não ser cristão. Talvez tudo junto, mas não sinto nenhuma emoção nesse esse dia. Pra mim não passa de um pré-Réveillon.

Acho bonito a decoração da cidade, das casas, etc. Mas isso me lembra ano novo e só.

Sente o natal? Então um feliz natal pra você! E semana que vem festejamos juntos um ano maravilhoso chegando.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Do you know where the fuck you are?

A produtora Time For Fun confirmou que a banda GUNS N' ROSES fará cinco shows no Brasil em março de 2010. As vendas dos ingressos serão feitas a partir de janeiro, inicialmente para clientes dos cartões Credicard, Citibank e Diners (veja abaixo as datas de pré-venda para cada cidade), e uma semana depois para os demais interessados (veja abaixo as datas de vendas abertas para cada cidade).

São Paulo
Show no dia 13 de março
Pré-venda a partir do dia 20 de janeiro
Vendas para todo o público a partir do dia 27 de janeiro


Bora?

(ainda não consigo mandar mensagens off)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Bobagens

Há certas pessoas que você não quer que briguem com você. Ainda mais por motivos não muito claros. E principalmente quando somem logo depois.

Cacete!

Acaba essa porra de prova logo. Tô com saudade e preciso brigar um pouco também.
Odeio assunto inacabado.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Lágrimas e arrotos em falta

Me sentindo sozinho.
Acho que é melhor do que não sentir nada.

Vontade de compartilhar coisas com alguém. Vontade de sair andando por ai a noite. Andar para o nada.
Adoro andar e pensar em qualquer coisa.
Vontade de sentir a tristeza sem medo, sem que ninguém me veja.
Não quero palavras, não quero nada. Não quero espalhar a tristeza. Quero sentir sozinho.
Não quero ouvir nem falar. A não ser que seja de assuntos aleatórios. Mas aí vai ser o momento que eu vou querer dar risada.
Eu quero os dois momentos, mas vem um de cada vez.

Carro é bom, mas cansa. Eu falava e ouvia mais quando as pessoas andavam. Que fosse indo pra algum lugar, ou indo para o nada.

Estou cheio de vontades.

É triste ver que meus créditos de celular chegam a durar quase dois meses inteirinhos.

Ainda quero aprender a chorar.
E arrotar também, mas esse deixa pra depois.

Acho que vou tomar café amanhã. Faz tempo que não tomo. Não no sentido de acordar cedo e comer pão, mas da cafeína mesmo.

Não sei mais o que dizer.
Na verdade tem umas bobagens mas mais tarde, talvez.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.."

Eu sempre me envolvo demais com as pessoas. E eu gosto dessa profundidade, mas eu normalmente esqueço de mim.
Eu gosto de ajudar, gosto de falar. Eu adoro falar. Mas sei lá.
Eu falo tanto sobre os outros que minha vida fica de lado. E eu gosto de soltar pequenas coisas minhas, justamente porque eu nunca falo nada.
Quero ter interesse em alguém, e esse alguém ter interesse em mim.

Eu gosto de falar com você porque você libera minha vontade de falar coisas que me deixam vulnerável.

Eu sou bobo. Sou cheio de ilusões. Não deixo transparecer isso, mas eu sou. Acredito em cada bobagem. Do tipo amor da vida e fidelidade. E mesmo chamando de bobagem, eu não acredito que seja. Não queria que fosse. Mas conforme o tempo passa vou pouco a pouco desacreditando.
Sempre confiei demais nas pessoas. Sempre acreditei demais. É claro que toda criança é muito inocente, mas eu era mais ainda. Demorei muito a ganhar certa malícia com as coisas. E mesmo depois de ter aprendido a desconfiar, continuei confiando muito. E confiar nas pessoas só prova o quanto você não deve confiar nelas.
Já tive várias surpresas desagradáveis com as pessoas. Não sou de espernear e sair chutando o mundo, mas eu fico sentido. Muitas vezes nem pelo ato, mas pela surpresa.
Queria poder confiar sem medo. Eu me entrego fácil, e odeio quando se aproveitam disso.

Eu gosto da sua presença. Gosto de me sentir atraído, mesmo sabendo que nada a ver.
Não entendo certas coisas que você faz ou pensa, mas acho que nem você entende.

Não quero salvar ninguém. Ninguém quer ser salvo.

"Eu juro que não olho!"

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

...is equal to the love you make

Comprei meu presente de natal. Quando vi o preço fiquei doido, uma pechincha! Não digo que não pensei duas vezes; pensei algumas. Mas é que às vezes as coisas são maravilhosas de madrugada, e terríveis no dia seguinte.
Mas acordei de manhã muito feliz pela aquisição!

"oh yeah! all right!
are you gonna be in my dreams tonight?"

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Good Vibrations

- Voce é feliz?
- não sei.
- Como não sabe?
- ah, sei lá ué.
- Então você tem medo de falar que não é?
- eu não disse que não sou, eu disse que não sei.
- É a mesma coisa.
- não é não. [...] você é?
- É o quê?
- feliz ué.
- Eu não.
- não?
- Ah, acho que não. [...] Felicidade é chata.
- chata? por quê?
- Sei lá. É sempre igual e sempre acaba.
- então você gosta de estar triste?
- Não disse isso.
- disse sim. se não gosta de estar feliz, então gosta de estar triste.
- Não sei. Acho que não gosto de nenhum.
- isso não existe. você tem que preferir um lado.
- Não, po. Quem disse?
- sei lá. mas eu acho que tem.
- O que você prefere então?
- [...] acho que eu prefiro quando eu tô com você.
- E isso é ser feliz ou ser triste?
- acho que depende da hora. *sorriso*
- Hahaha. Acho que sim.
- mas eu gosto.
- [...] Me dá um beijo?
- até dois.
[...]

"close my eyes
she's somehow closer now
softly smile, i know she must be kind
when i look in her eyes
she goes with me to a blossom world"

La Mer

Ela tira meu fôlego. Ela me tira de mim.
Ela estava voando quando a vi, e foi ali mesmo que percebi que estivemos sempre ligados. Sempre sonhando, sempre perdidos. Somos uva com chocolate, abacaxi com menta. Somos nós e não somos nada.
Pulei nela e não a soltei nunca. Não quis soltar.
Seus olhos brilhavam, e seu sorriso tímido aumentava. E aumentava e aumentava. E seu rosto se misturava ao vento, e às nuvens. Ela era tudo, ela estava em tudo. E eu estava nela.
Tentei seguir, fiz de tudo. Mas não podia acompanhar. Não podia, não devia.
Não era pra ser seguida nem cuidada. Não era pra nada. Ela pertence a tudo e a nada. Ela está onde não estou. Ela é o que ninguém pode ser.
Ela me faz pensar que o vento vai bater no meu rosto e eu vou sorrir por isso. Me faz pensar no agora e no nunca.
Eu apago, eu desapareço, eu sonho. Eu sonho tanto, e não canso nunca.
Sonho com ela e sonho que eu posso voar. E posso nadar também. E eu nado tão fundo, e não tenho medo.
Eu não canso porque ela não cansa.
Não me acorde. Não me acorde!
Quero voar mais. Quero voar pra sempre. Quero mergulhar no céu, e quero cair sem sentir.
E quando caio ela sorri mais. E mais e mais. E brilha como o fim de tudo e o início de nada. Brilha dentro de mim.
Eu corro. Corro e corro e corro. E ela corre comigo. Perdida como eu. Esquecida como eu. Feliz como eu.
Ela aperta minha mão. Aperta tão forte que me faz explodir. E eu fecho seus olhos, e sonhamos juntos. Sonhamos e gritamos, e não somos nada.
Nada é o que resta. Nada é o que basta. E no nada desmanchamos, e somos um só.

E quem era ela?
Quem souber que guarde pra si e não me conte.

"and when the day arrives
i'll become the sky
and i'll become the sea

and the sea will come to kiss me
for i am going
home

nothing can stop me now"

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Lalalalala..."

Às vezes me sinto como uma criancinha querendo tampar os ouvidos para as merdas que meus pais falam um pro outro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Quase no começo..

Meu aniversário está chegando e consequentemente o ano novo também. Uau!
Pela primeira vez olhei no calendário os últimos dias do ano e os primeiros do ano que vem. Que sensação estranha.
Quero estar no meio de muitos amigos. Vai ser uma virada de ano especial.

Ói nóis aqui traveis!

Não tenho do que reclamar. Mesmo.
Tudo que vivi serviu de aprendizado, de alguma forma.

Minha vida sempre teve muito movimento. Lugares diferentes, tipos de pessoas diferentes, um dia com tudo, outro dia com um ovo frito pra dividir em três. Passei bons anos reclamando disso tudo.
E não pelas pessoas ou pelo ovo frito, mas pela estabilidade que nunca tive.
Cresci com isso sempre na cabeça. A qualquer momento poderia vir uma mudança, e meu mundo mudaria completamente mais uma vez.
Apesar da bagunça, sempre consegui lidar muito bem com isso. Ou quase sempre, mas enfim.
E lidar com problemas foi algo que fiquei muito experiente ao longo dos anos.
Com problemas e com pessoas.
Uma família desorganizada e gente diferente me ajudaram muito.
Sou um capricorniano típico: duro, teimoso, e fechado. E com isso acabo falando muito mais sobre os problemas do outro do que sobre os meus. Sempre acho melhor cuidar dos meus sozinho, sejam eles problemas internos, ou qualquer coisa por aí. Mas adoro analisar os problemas alheios. Não no sentido de intromissão, mas quando me pedem. Gosto de descobrir mais sobre as pessoas em geral. É um lado que gosto muito de cultivar.
Faço essas análises o tempo todo de forma inconsciente, mas não para o mal. Simplesmente porque é divertido observar as pessoas. Acabamos percebendo como as pessoas são tão iguais em certos pontos, e tão particulares em outros.

Tive bons motivos pra ter algum problema psicológico. Talvez tenha tido algumas manias e paranóias estranhas quando era mais novo - algumas que continuam em menor grau -, mas nunca passei por depressão ou algo mais sério.
Passei perto em uma única época da minha vida, mas logo passou. E mantive bem escondido até acabar.

Hoje sou feliz por ter vivido tudo isso. Feliz por ter sempre um ano diferente do outro, mesmo estando no mesmo lugar. Feliz por ter conhecido tanta gente. Feliz por ter tirado só o melhor de tudo isso.
Não gosto de pensar em como seria se uma ou outra mudança de cidade não tivesse acontecido. Não só de cidade, mas certas mudanças menores em certos pontos foram cruciais para que eu chegasse até aqui, e chegasse com o jeito de ver a vida que tenho agora e tudo que aprendi e melhorei ao longo do tempo.
Ainda tenho muitas experiências pela frente, e sei que vai ser ótimo passar por elas levando tudo que aprendi.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Leve!

Estou leve pra caralho.
E é tudo o que eu tenho a dizer.
Pensei hoje em algo mais falar, mas tudo que me vinha era isso. Então é isso.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Em defesa do amor

Eu acredito no amor.
Já tive grandes discussões em várias épocas diferentes, e minha opinião não muda. E quanto mais o tempo passa, e por mais situações eu passo, mais minha ideia se mantém.

Amor não é conveniência. Amor não é troca de favores. Amor não é egoísmo.
Quem pensa que é isso e quem já sentiu isso nunca amou de verdade. E digo pensar isso de verdade, e não apenas usar como desculpa para uma desilusão amorosa.
Quem ama quer fazer o amado feliz. Quem ama não faz carinho para ganhar carinho; quem ama não dá presente pra ganhar presente; quem ama não faz sorrir para sorrir também.
Fazer o bem para quem você ama te faz muito bem sim. E por isso é egoísmo?
A troca é natural. O ato de amor feito por um - seja ele qual for -, mesmo que não seja recíproco de imediato, incentiva o outro a fazer também. Não por dever, não por troca, não por obrigação. Mas porque é bom. É simples.

Acredito naquele "amor da vida", mas acredito que há vários amores da vida. O amor da vida não precisa durar pra sempre. O amor da vida não tem tempo definido. Não é um ano, dois, dez, cinquenta.
Uma vez li que o amor é verdadeiro enquanto vivemos sem necessidade de mudarmos por ele. E isso pode ser por uma semana, ou pela vida toda.
Quem ama não vê defeito, e isso é fato.

Não vou dizer que há verdade absoluta no fato de não haver mudanças pelo amor porque não é assim que acontece. E é por isso que às vezes o namoro chega a durar mais que o casamento. Namoro é confortável. Tem muita ilusão e nada de pressão. Casamento é na real. Manias aparecem e se tornam insuportáveis.
Mas o ponto é que não deveria ser assim. Agir diferente para agradar o outro é errado e desnecessário.
E acabamos descobrindo que amamos a pessoa pelo que ela não é. O que não deixa de ser amor, mas simplesmente não funciona.

Foi trocado? Levou um chute? Então não foi amor de verdade!
Isso é papo de quem quer dar de coitadinho. E falo isso porque já pensei assim, e é a maior bobagem do mundo.
Sabemos se foi de verdade ou não. Sabemos se quando dava certo era real. E se foi real alguma vez, não é porque alguém não quer mais que então nunca foi de verdade.
As pessoas mudam muito. E, às vezes, a convivência das duas pessoas mais compatíveis do mundo pode se tornar impossível. E isso não anula o que aconteceu quando as coisas funcionavam.

Amor pleno? Isso realmente não sei se existe, tirando amor de pai/mãe por um filho. Amar e cuidar mesmo que se receba um cuspe na cara, acho que só mãe mesmo. Até porque, se damos amor e carinho, e não recebemos de volta, já não é uma questão de troca de favor, mas sim de merecimento desse amor. Ninguém deve ser idiota de outra pessoa.
A troca, como disse, é natural. Ser companheiro de alguém significa estar lá no sorriso e na dor, sem nunca ponderar se isso compensa ou não. Seja com um casal ou com amigos.
Carinho, afeto, respeito, e etc não deve ser cobrado. E não porque não podemos pedir o "favor" de volta, mas porque não se pode chegar à necessidade da cobrança. Não existe "favor" num relacionamento. E se isso acontecer, realmente não é amor.

(sim, foi uma resposta)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Um belo filme

Acabei de ver "500 Days of Summer", e fiquei besta.
Esse filme mexeu comigo já nos primeiros segundos do trailer. Porra, tinha que ser bem aquela música? Mas enfim. Não teria como não identificar certa parte da minha vida com a história do filme, mas o filme foi ainda mais fundo do que imaginava.

Serão bem poucos os que vão entender exatamente o que o cara do filme sentia em cada parte. E eu senti tudo aquilo, até mesmo na ordem e quase na duração da história. Comportamentos e situações idênticas, e por parte dos dois personagens.

Talvez o que me faltou foi a conversa dos dois no final do filme, o que teria me feito um bem do caralho. Não um bem imediato, mas pelo menos a tentativa de entender o porquê já ia me tirar um certo peso. O cara do filme teve a chance de dizer que não entendeu, e que nunca entenderia. A resposta doeu um pouco, e digo que doeu porque eu senti como se estivesse naquela conversa. Falaria exatamente o mesmo, e provavelmente ouviria o mesmo. E talvez porque tive uma conversa parecida, na qual ouvir a verdade doeu, mas também iluminou muita coisa.
A diferença é que a minha veio antes da conclusão da história, e a dele veio depois.

Ver a conversa no filme preencheu um pouco do meu vazio. E o fim do filme é realmente animador. Um fim que pode parecer meio bobo pra qualquer um, mas faz toda a diferença pra quem viveu toda aquela história, com os detalhes mais felizes e os mais tristes.

Um belo filme.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Pra quê pensar nos outros né?

Como eu odeio gente folgada que tem tudo na mão e faz de tudo pra conseguir as coisas da forma mais fácil, sem nem pensar quantas outras pessoas vão se foder por isso.
O foda não é a sacanagem em si, o que já é um puta problema. O problema maior é o "não pensar" acontecer pela simples falta de consciência.
E não precisa ser necessariamente algo planejado, ou sei lá. É tudo. Falta a parte de lutar, suar, e se orgulhar do seu feito.
O seu pequeno problema é maior do que o resto do mundo. O mundo? Foda-se, que me carreguem!
Eu fico doido com isso.
E isso inclui tanta coisa, e tanta gente. Seja o pequeno gesto de não se dar ao trabalho de andar uma porra de um metro pra jogar um papel no lixo, ou seja o de sugar tudo o que vem dos pais e não dar um mínimo de valor por isso. Cara, tem tanta gente que tem tudo que quer mas não merece a merda que caga.
Quer facilitar sua vida? Ótimo! Mas não foda com ninguém pra isso. Se precisa de alguém pra ter o que quer, seja agradecido e humilde. Humilde com quem te ajudou, e humilde com quem não tem o mesmo que você.

Sempre penso em pequenas lições que darei pro meu irmãozinho quando ele tiver idade para entendê-las. Ele vai aprender a nunca humilhar alguém, e que ninguém é inferior a ele, por menos que o outro tenha ou por mais diferente que o outro seja. E quero que ele sinta isso de verdade, e não faça apenas porque aprendeu que é socialmente ou politicamente correto.
Tem tanta gente ao meu redor que é preconceituoso, narcisista, folgado, ou sei lá. Ainda acho menos mal quando é e nem se esforça em esconder. É mais verdadeiro, pelo menos. Mas com a maior parte não é assim. O preconceito pode ser com negro, com pobre, com deficiente, com homossexual, com tudo. É feio falar em público, mas sem problemas se for uma risadinha ou uma piadinha escondida com o amigo/a do lado.

Gente aproveitadora, gente hipócrita, gente folgada e gente mal agradecida e sem consideração me tira do sério. E ainda bem que tenho esse blog pra falar.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Simples assim..

Esses dias relembrei o que é um programa caseiro com poquíssimas pessoas, boas risadas, um filme e um sofá. Simples assim. E foi bom pra caramba.
Ultimamente quanto mais simples melhor.

Ou não, sei lá. Minhas vontades oscilam demais. Mas ficar quietinho num canto é tão bom, e é algo que não tenho feito muito.
Parar e ficar.
Muita ação cansa às vezes.

[...]
Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile
And I'll gamble away my fright
And I'll gamble away my time
And in a year, a year or so
This will slip into the sea
Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile
[...]

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Octopus's Garden

Ando cansado das pessoas. Não todas, mas boa parte.
O problema não é com elas, eu acho. Meu ânimo e meu humor andam oscilando, e nem sempre tenho paciência. Fico na minha pra não dar patada e não ser o maior cuzão do mundo.
É bom ficar no seu mundinho às vezes, sem interferência de ninguém. Eu sinto falta disso. Às vezes tenho vontade de continuar no meio das pessoas, mas sem interagir com ninguém. Sem que ninguém lembre que estou ali. Sozinho na multidão, sei lá.
É estranho, já que eu não suporto ficar sozinho e não suporto multidões. Mas um salva o outro, talvez.

Sexta-feira é um dia libertador!
E ta quase.

[...]
We would be warm below the storm
In our little hideaway beneath the waves
Resting our head on the sea bed
In an octopus' garden near a cave

We would sing and dance around
because we know we can't be found
I'd like to be under the sea
In an octopus' garden in the shade
[...]

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Olhares..

Hoje, pela primeira vez, senti uma pontinha de felicidade por ela e sua vida agora. Foi inconsciente, a partir de uma situação que antes me causaria tudo, menos felicidade.
Acredito que seja um bom sinal. Fiquei feliz por mim.
Um certo constrangimento é inevitável, mas os sentimentos ruins estão em queda ultimamente. Talvez porque, ultimamente, meus olhares tenham novos interesses.
Belos interesses.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

"Will you marry me?"

Descobri um cara que usou toda a sua nerdisse e pediu sua namorada em casamento através do Super Mario. Ele editou uma fase e em certa parte dela escreveu "Will you marry me?" com as moedinhas do jogo.
E eu achei isso incrível.
Meu lado nerd achou genial, e meu lado molenga achou lindo demais. Sei lá. Não tenho a mínima ligação com esse casal, mas fiquei feliz de verdade por eles.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Farsa?

Será que relacionamentos amorosos são reais? Talvez seja tudo uma farsa. Não tudo, mas boa parte. Sei lá.

sábado, 17 de outubro de 2009

Intacto e inabalável

Meu foco é sempre o que me salva de tudo.
Mais eu falo, e mais as pessoas pensam errado de mim. Isso me enxe de um jeito.
Acaba que sinto vontade de me afastar de todos e me prender unicamente aos meus objetivos. Acaba que minhas neuroses aumentam, e deixo de agir como eu mesmo. Acaba que coisas insignificantes ganham um tamanho absurdo.
E isso é uma montanha de bobagem.

Meu objetivo e meu foco permanecem intactos até o final. E me orgulho muito disso.
Tudo vai passar logo. Sem descanso até o último momento.
Vou sentir felicidade e prazer incomparáveis, e todo o resto será ainda mais insignificante.

Criei algumas barreiras a mais nesse ano, e por isso muita gente me vê de um jeito totalmente diferente do que eu realmente sou. Não gosto que tenham visões erradas sobre mim. Não gosto que me julguem errado. Mas quer saber? Que pensem, que julguem, que falem.
Há pessoas que são realmente insignificantes para mim. E há pessoas que vou ter sempre o maior abraço que eu precisar. E eu amo estas pessoas. E para o resto, pau no cu.

Tá, estou bem mais feliz e tranquilo do que no início do dia. Santo telefonema daquela que tem o maior abraço de todos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Às vezes..

Tem dias que estou quieto, e eu gosto tanto. Tem dias que eu estou agitado, e eu também gosto tanto.
Às vezes bate um cansaço, e tudo que quero é ficar na minha, no meu mundo, nos meus pensamentos. Todos em volta desaparecem, a cabeça vai longe.
Às vezes me canso das pessoas. Pessoas em geral. Fico sem vontade de rir, de ser simpático ou sei lá. Eu adoro ser assim, adoro jogar sorrisos pra todo lado, mas tem hora que tenho nojo disso, e não tenho a menor vontade de esboçar um mínimo sorriso. Odeio o contrato social. É, ando meio encanado com ele.

Não gosto de agir de forma forçada. Não gosto que me cobrem, que me obriguem, que me peçam em troca algo que fizeram por mim, como se provasse meu amor, meu afeto, minha amizade ou sei lá. E confesso que sou um tanto assim em relacionamentos. Tenho a tendência a grudar e a sentir a merda do sentimento de posse. Na verdade depende, mas enfim. Tudo o que eu sei é que, definitivamente, não sou assim com amigos/amigas. Não sou de exigir ou fazer chantagens com amigos, do tipo "ou você vai ou você é um merda de um amigo". Não me vejo fazendo isso nem um pouquinho, e me irrito demais quando fazem isso comigo.
Gosto de provocar. Gosto de contrariar. Gosto de fazer ou falar o oposto do que esperam, só pra dar um pouco de risada. E quem me cobra demais, acaba recebendo o que não quer. Não por sacanagem, mas para mostrar, como que por instinto, que não farei algo porque me jogaram na parede.
Amo meus amigos, e cada uma de suas particularidades, mas não preciso ficar provando isso. Sei o que sinto, sei o que penso. Se é verdadeiro, sei também o que eles sentem, e não peço que vomitem isso em mim todo o tempo.

Acho que as pessoas me acham arrogante ou metido. Não os amigos, mas o geral que não me conhece muito bem. Gosto de fingir que me acho superior e as pessoas são ridículas, mas muitas vezes não entendem meu humor.
Podem dizer que ajo como se me achasse mesmo superior, mas não é isso. Enquanto meu lado emocional é um mar de insegurança, o lado racional - o lado que aparece - é totalmente seguro. Inabalável, como diria uma bela amiga nos velhos tempos.

É típico de capricórnio não saber lidar com elogios, mas adorar recebê-los. E eu adoro mesmo, e fico extremamente envergonhado quando recebo. Isso faz com que eu também adore dar elogios. Elogios que vêm do nada, normalmente de um mínimo detalhe que me chama atenção. Não gosto dos elogios tradicionais, com intenção, com programação, daqueles que a pessoa já ouviu de toneladas. Gosto de adicionar algo, algo inusitado, algo escondido e que tenha me encantado. Às vezes não reparo se os olhos são verdes ou castanhos, mas reparo no jeito de andar, no jeito que o cabelo mexe, no jeito que senta, ou sei lá. É, acho que gosto mais dos "jeitos" do que dos detalhes visuais e óbvios.

Às vezes sinto tanta vontade de falar, falar e falar. De mudar de assunto sem anunciar, de falar de coisas bobas, detalhes sem importância, lembranças de tantos bons tempos. Sei lá, sei lá!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Inusitado mesmo!

Que fique o inusitado? É, foi exatamente o que aconteceu nesses dias.
Caramba, se eu tivesse planejado não ia sair algo tão estranho e divertido.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Que fique o inusitado..

- Don't you hate that?
- Hate what?
- Uncomfortable silences. Why do we feel it's necessary to yack about bullshit in order to be comfortable?
- I don't know. That's a good question.
- That's when you know you've found somebody really special. When you can shut the fuck up for a minute and comfortably share silence.
[...]

Vontade de ter conversas estranhas e falar o que vier na cabeça, transgredindo ao máximo o contrato social. E se nada vier na cabeça? Que fique apenas o silêncio, sem o desespero usual de tentar entreter e se mostrar feliz para ser socialmente aceito.
Gosto de comentários ou perguntas especiais, que liberem um detalhe, uma característica, um mínimo sobre a pessoa que seja inusitado e ela não mostre normalmente. Gosto dos pequenos detalhes, gosto do leve desconforto causado por uma ação inesperada, seguida da reação automática e sem pensar. Isso é tão nítido e sem máscaras. Isso me dá prazer em uma conversa, seja ela de uma noite inteira ou de 15 segundos. O inusitado é sempre mais divertido.
Poder calar a boca sem sentir obrigação em soltar algo? É tão difícil que acabamos esquecendo que isso é possível às vezes.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Certas verdades

Estranho como às vezes certos pensamentos secretos parecem que, de repente, podem ser ouvidos por qualquer um. Por que raios, totalmente do nada, pessoas diversas começam a falar com você sobre algo que é uma verdadeira tortura silenciosa, sem ter nem idéia do tamanho que é isso dentro de você? Parece um combinado pra manter essas ideias martelando até nas horas de calma.

Uma vez disse sobre o risco da minha inconstância sentimental aflorar e tudo ser esquecido repentinamente. Fiz isso simplesmente pra me tirar da culpa caso isso acontecesse, pois sabia que podia acontecer. E é irônico como ainda pago por ter falado isso, e ter pensado, por um único momento, que seria eu quem estragaria tudo.
Me sinto patético por ainda pensar, falar e discutir sobre esse assunto. Me sinto patético por ainda ter esse desespero, e não ter a menor coragem de me abrir pra alguém, com medo de me sentir ainda mais humilhado. Pode parecer bobagem, mas sim, me sinto humilhado por isso. Me sinto tão mal que não consigo me abrir completamente nem comigo mesmo; tem que ser tudo subjetivo e quase que fugindo do assunto.
Por vários momentos fui totalmente verdadeiro quando disse que isso não me encomodava mais, e que era mesmo passado. Mas nas piores horas, quando outras coisas insistem em dar errado e me decepcionar, isso aparece de novo e eu mesmo jogo na minha cara certas verdades que só um inimigo muito baixo diria.
Não vejo isso como um pagamento por atitudes ruins tomadas no passado, mas com certeza isso deixa claro pra mim o que algumas pessoas já sentiram em outras ocasiões. Ocasiões ligadas direta ou indiretamente a essa situação. E é ruim.

Não me dou bem com rejeição, definitivamente. E sozinho é difícil fechar as cicatrizes.

Momentos de calmaria, descanso, e felicidade histérica virão em breve.

domingo, 4 de outubro de 2009

Quando vai acabar?

Por que é tão difícil da gente se livrar de certas coisas? Sentimentos, amarguras, momentos que são passado e não saem da gente. Nada existe mais, nada poderia existir mais, e nem quero que exista. E isso me atormenta todos os dias. Todos!
Cravei isso com tanta força em mim, mas tanta força, que quando precisei não consegui tirar. E quando consegui tirar ficou a merda de uma cicatriz que não sei como tratar.

Sou inseguro demais e bonzinho demais. Devia mandar tudo pra puta que pariu quando é preciso, sem dar a mínima pra mais nada além de mim. Talvez tenha aprendido, mas a insegurança continua. Vai e vem, e aflora meus fantasmas nas horas mais oportunas.

Deve ter alguma técnica pra superação de assuntos mal acabados.

sábado, 3 de outubro de 2009

Lembretes

Nada pra ser esquecido, nem nada pra ser lembrado.
Lembranças são pequenos lembretes para quando esquecemos as lições. Lembretes feitos por nós mesmos, que não merecem ser lembrados mas não podem ser esquecidos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Meu Último Desenho

Vou-me embora sem vontade
Sem que faça nenhum som
Tudo é ruim e tudo é bom
Me entrego à eternidade

É você que nada sabe
Tudo vê e em tudo crê
Não sou como é você
Sem perdão, tudo se acabe

Sem resposta, sem razão
Peço que nunca mais volte
A machucar o coração

Tiro a vida que não tenho
Para que nunca mais solte
O meu último desenho

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Music

[...]
- Ha! Music lover, right?
- He's fond of music.
- Aren't we all?
[...]

Música, música, e música!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Lucidez da Fuga

O que sinto e o que penso me confundem. Não sei o que é loucura e o que é prazer, tudo anda bagunçado em pensamentos perdidos. Pequenas coisas desaparecem e reaparecem, coisas me atormentam, coisas me fazem feliz, coisas me deixam maluco. É uma insanidade contida como sempre foi, mas às vezes parece que vai explodir. Tenho vontade de explodir mesmo, vontade de gritar e soltar tanta coisa. A vida é uma grande farsa em boa parte dela, e a gente se acostuma tanto que a farsa é automática. Tenho medo dos meus eventuais surtos de arrogância e negatividade. Às vezes me expresso de forma tão pesada que eu me sinto desprezível. E a negatividade não é de pessimismo, é de força negativa mesmo. Odeio esse meu lado, e sei que ele aflora quando algo está me encomodando por dentro. Diversas coisas, talvez. Nesse ano o fim não é apenas o fim de um ano. A espera não é pelas férias. É o fim de um ciclo. A espera é por uma nova vida, um novo começo. Totalmente novo. E está perto demais. E querer explodir não significa sair atirando para qualquer lado. Na verdade, não há lado para se atirar. E há modos de agir que tiram alguns pontos da gente.
A loucura me atrai de um jeito, não sei porquê. Sai do padrão, não segue a rotina, não age de acordo com o contrato social. Ela cria um mundo próprio, como uma fuga de tudo que encomoda ao nosso redor. A fuga é algo que está escondido em todos, junto com a loucura, e buscar a fuga, seja da forma que for, seja da intensidade que for, é sempre um estado limite. Dos desabafos de um blog ao suicídio, a fuga é bela. É, muitas vezes, um ato isolado de lucidez. Uma lucidez vinda da loucura, um belo paradoxo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Inexistente

A escuridão tomou conta do ambiente, tomou conta de tudo. Por tempo indeterminado eu ficaria rodeado de trambolhos tecnológicos - do mais cotidiano ao mais fútil - completamente inutilizados. Nunca pensei no efeito que a falta de energia, mesmo que momentânea, causaria na minha cabeça.
Me senti inutilizado tal qual os trambolhos. Todos os impulsos, sem nenhuma exceção, levavam a algo totalmente dependente daquela energia que vinha de tão longe, que chegava a todo momento ao iluminado lar que completava e dava luz à minha vida. Vida essa que se apagou junto com as luzes do bairro inteiro. Que sensação terrível de solidão e vazio completo. O vazio ia levando a um desespero contido, que se multiplicava a cada tentativa inconsciente de driblar a falta de energia com mais energia. Aquilo levaria a uma crise iminente, e não podia deixar isso acontecer.
Em momento de aflição acabamos imóveis. Fiquei infinitos minutos preso ao sofá me sentindo como uma criança indefesa. Estava eu, imaginem só, completamente desligado do mundo: sem uma voz, um pensamento, um gesto, um texto, um nada que me fizesse sentir conectado a outro alguém.
Abri a porta e encarei uma rua num breu desconcertante e sem vida. Apesar da loucura que aquilo me causava, me senti atraído àquela sensação de inexistência. Era uma falta de brilho que iluminava tudo, uma força que me chamava e me engolia, e não me deixou resistir. Não quis resistir.
Sai andando pela rua. Sem nada na mão ou no bolso, nada que me ligasse, de alguma forma, a outro lugar ou momento que não aquele. Não ignorei meus sentimentos, minhas sensações, meus pensamentos. Era somente eu, me encarando sem nenhuma barreira ou disfarce como era de costume. A minha vida era ali, naquela hora, e nada podia distorcer o que eu sentia.
Andei por algum tempo - meia hora talvez -, até ter uma surpresa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Dias bons..

A vida anda tão animada e divertida. De repente novos sentidos surgiram, e as tudo anda com um brilho especial.
A reta final para as provas e as grandes mudanças da minha vida estão me empolgando demais. Falta tão pouco!

Em paralelo a isso, sem perceber a banda está se reunindo como se os últimos três anos não tivessem passados. Apareceu uma oportunidade de tocarmos e a empolgação voltou com força, algo que não esperava pra esse ano. E como é bom tocar com aqueles caras de novo, não mudou nada!

Ando de bom humor na escola, na sala-de-aula e etc. Estou tranquilo com tudo, e a vida na escola têm sido divertida. Junto disso surgiu uma paixãozinha platônica para deixar as coisas mais interessantes. Platônica no sentido máximo da palavra, já que as chances de um simples "oi" são um tanto quanto remotas, mas isso não deixa as coisas menos interessantes. Costumamos observar as meninas do terceiro ano, e há algum tempo venho reparando nessa em especial; acho ela incrível. É linda, sorridente, e aparentemente não é como as nojentas da sala dela. Enfim, não tenho a menor pretensão com ela, é divertido demais assim.
Já pensei em jogar uma cantada bem ridícula via internet, mas mais do tipo "você é linda e eu reparo em você" do que "quer algo comigo?", sendo este último fator secundário ou menor que isso.

E depois de finalmente terminar de ler "Laranja Mecânica", comecei nessa semana "O Apanhador no Campo de Centeio". E caramba, que belo livro! A escrita me lembra um pouco "Forrest Gump", que eu achei demais demais demais. Tinha certeza que ia gostar dele, e não me decepcionei.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Frustrações e Calmarias

Sinto falta de ter alguém do meu lado. Sempre. Estou constantemente, mesmo que de forma inconsciente, em busca de alguém definitivo. Amo ser livre e sair, falar e fazer merda, mas isso não me completa. Acho que meu espírito é velho. Quero ter família, quero ter filhos, faço até previsões para isso. No fundo eu tenho uma grande necessidade de fazer tudo do jeito que a minha família nunca foi. Quero muito fazer direito e corrigir todos os erros. Mas querer alguém não se resume a uma frustração familiar, nem pensar. É apenas uma consequência do desejo de preencher o vazio que eu tenho.

Pensar em família e pensar que existem as pessoas certas para a gente não é normal pra um homem, mas enfim. Eu gosto de sentir isso, e realmente não quero mudar, por mais que eu apanhe por isso. Gosto de gostar de alguém, gosto de criar momentos, sentimentos e uma vida que só eu e a pessoa do meu lado terá. Gosto de viver aquele amor, de viver aquilo intensamente, e me irrito de verdade quando dizem que "tem que ser dosado pra não cansar". Quer saber? Que vão pra puta que pariu. Não gosto de medir o quanto eu quero e o quanto eu gosto. O momento tem que ser vivido de verdade, e não importa quanto dure, eles ficarão pra sempre porque realmente significaram alguma coisa.

O vazio gigantesco tem se amenizado. Sei que não sumiu e nem vai, mas agora não me encomoda mais. A tristeza dos últimos tempos está sumindo, e por mais que ocorram eventuais momentos ou dias deprês, sei que a cicatriz está fechando dessa vez. Estou ficando mais tranquilo quanto a todos aqueles sentimentos bagunçados e mal resolvidos, e o anseio pela pessoa especial se acalmou. Sei que a hora vai chegar, mas enquanto isso tenho coisas mais importantes e mais divertidas para eu me ocupar.

domingo, 13 de setembro de 2009

Me Deixe Voar

Não acredito em suas mentiras e em suas verdades
Não vejo, não ouço, não existo
Estou de passagem em uma loucura despedaçada
Com diferentes intensidades e constâncias
Vivo de forma inesperada e precipitada
Não ouso desconfiar de mim mesmo
Busco as perdições e os perigos
Busco o que há de vida na vida
Me jogam sorrisos de esmola
Sem significados e sem vontade
Escolho os bons grãos no meio do lixo
E me jogo com inocência e perversão
Sou livre da forma mais presa
Não tenho caminhos para o destino certo
Sei apenas que terei onde desmaiar
E liberar o brilho desse corpo cansado
Com uma mente sem parada
Viajo intensamente pelo meu mundo de maravilhas
E não penso, não falo, não enxergo
Apenas sinto o vento me levando
Sem nunca chegar a algum fim
Os caminhos estão abertos
Me deixe voar até você

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Simples, Direta e Bela

A felicidade surge de forma inesperada, sem real explicação, sem uma justificativa definida. Simplesmente vem, e às vezes fica por um belo e brilhante tempo. E não sei escrever poemas felizes, não tem jeito. Felicidade sempre foi um ponto contra-inspiração para mim, mas é tão bom viver, e cantar, e sorrir, e dançar sozinho igual um idiota por aí. Sem paixões, sem grandes mudanças, sem nada que possa ser um motivo óbvio. Talvez a felicidade não precise de motivos, simplesmente está lá para fazer a gente rir de forma sincera, sem desespero escondido.
Quando há tristeza, eu me alimento dela. Eu aproveito seu gosto, seu tempero, suas sutis sensações de morbidez e loucura. Me inspiro, penso, e penso mais, e escrevo, e reflito, e viajo na minha insanidade. Felicidade não tem o grosso caldo de escuridão que alimenta minha auto-destruição controlada. Fabrico o sofrimento, como uma forma de prazer e falsa sensação de um "eu" destruido. A auto-destruição só existe até os limites entre imaginação e razão. É bom aumentar o sofrimento e acreditar que somos mais complicados ou mais bagunçados do que realmente somos, nos dá vida quando não vemos graça no que há em volta.
Sofrimento é complexo; mas felicidade, não. Felicidade é simples e direta. Sem justificativa, é bela porque é.

[...]
Gotas de chuva continuam caindo na minha cabeça
Mas isso não significa que meus olhos vão em breve se tornar vermelhos
Chorar não é para mim
Pois nunca vou parar a chuva reclamando
Porque eu sou livre, nada está me preocupando
[...]

*assobios e assobios*

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Shiny Happy People

Pessoas felizes e iluminadas rindo
Me encontrem na multidão
Pessoas, pessoas
Joguem seu amor por aí
Me amem, me amem
Levem-no para a cidade
Feliz, feliz
Coloquem-no no chão
Onde as flores crescem
Ouro e prata brilham

Pessoas felizes e iluminadas de mãos dadas
Pessoas felizes e iluminadas rindo

Todos em volta amem-nos, amem-nos
Coloquem-no nas suas mãos
Levem-no, levem-no
Não há tempo para chorar
Feliz, feliz
Coloquem-no no seu coração
Onde o amanha se ilumina
Ouro e prata brilham

Pessoas felizes e iluminadas de mãos dadas
Pessoas felizes e iluminadas rindo

(R.E.M. - Shiny Happy People)
(uau, um post feliz!)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O "demais" cansa..

Os meus momentos de total solidão, só eu e eu mesmo, me deixam paranóico. Às vezes com maior intensidade do que o normal. Pequenos acontecimentos e assuntos mal resolvidos na minha cabeça me torturam, me tiram a concentração, e inspiram "viagens" e nóias homéricas que fazem com que eu me sinta ainda mais ridículo e inferior.
Estou repartido, e o que me liga é a força de uma mente focada e sem um mínimo desvio em relação ao seu objetivo.
Preciso do contato com as pessoas, contato esse que acabo buscando cada vez mais distância a cada mágoa e decepção. Parece que quanto mais me abro e me arrisco, mais eu tropeço. Eu não suporto rejeição, não suporto me sentir inferior ou humilhado. E a resposta para a rejeição é rejeitar de volta tudo que vier.
Definitivamente, não funciono sozinho. Funciono, sim, racionalmente; penso e produzo sozinho. Mas meu emocional precisa de alguém do meu lado. Preciso da sensação de que eu sou essencial pra alguém assim como esse alguém é essencial para mim. Sim, não sou auto-suficiente quando se trata se sentimentos. Toda a minha força foi para o meu lado exato das coisas, enquanto o lado "mole" ficou na merda.
Não sei "jogar" com alguém quando esse alguém é importante pra mim. Toda a minha proteção vai embora quando passo a me importar com o que falo e o que faço. Me torno inseguro e submisso, e ninguém quer alguém assim. Quando eu gosto eu gosto demais, cuido demais, me importo demais; e o "demais" cansa.

Os egoístas nasceram pra se dar bem e os altruístas nasceram pra se fuder. E assim sempre será.

domingo, 6 de setembro de 2009

Desespero e Cura

Os motivos não importam quando o ato é desesperado. Não se pede compreensão, não se pede compaixão, não se pede perdão nem qualquer outro sentimento fabricado. O ato é desesperado porque ele é preciso. Quando não é mais possível suportar as pressões externas e manter tudo bravamente guardado e em silêncio como sempre foi, não existe outra saída, não existe outro pedido. O caminho é único, é revelador, e é aliviante. A esse ponto, não existe amor, não existe necessidade, não existe importância, nada pode mudar o que já foi determinado por uma mente completamente perdida e sedenta por tranquilidade e alívio. É isso que ela busca, e é assim que deve ser visto: um alívio. Querer se libertar da dor não é egoísmo. Um ato desesperado vem quando sabemos que nada mais pode resolver. Não se trata mais de ponderar o que perdemos e o que ganhamos, quem deixamos e o que todos vão pensar. Não é vontade, não é prazer; é consciência de que aquela situação não é mais suportada. O desespero traz o fim, e o fim é a única cura.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sozinho

Em todos os dias da minha vida eu penso em como tudo pode acabar de forma tão rápida. Tenho um silencioso e contido pavor de que posso nao chegar à conclusão dos meus objetivos. Silencioso de tal forma que não percebo que está lá, não penso racionalmente sobre isso, mas eu sei que está lá. O medo da falha é muito bem substituido por um forte e poderoso pensamento de sucesso que ocorre a todo momento. Sei muito bem pra onde vou. Sei quando quero e quando não quero. E se eu quero, e depende unicamente de mim, eu garanto que consigo. Trabalho e sempre trabalhei melhor sozinho; sou do tipo pôquer ao invés de truco. Um defeito, confesso eu, em diversas situações, mas na hora que é preciso deixa pra mim que eu faço.
Acho que minha vida não faria muito sentido nesse momento se eu nao estivesse tão focado no meu objetivo. Uma vida nova virá pela frente, e mal posso esperar por isso.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cicatrizes e Borrões

Sem um sentido aparente, eu me entrego a esse mar gelatinoso de pensamentos desconexos que nunca deixa de perseguir e enlouquecer minha mente já bastante enlouquecida. Plantando paradoxos e neuroses nos escassos espaços livres da insanidade crônica e calejada desse ser que vos fala, o mar é absorvido e engolido em meio a uma densa e disfarçada sensação de falta de vida, de falta de calor, de falta de qualquer coisa que possa se tornar mais uma aflição para o lixo compactado que se esconde de tudo e de todos. Lixo que, quando não é mais suportado, vai sendo dissolvido minuciosamente pelos fragmentos saudáveis de uma mente agonizante e estupidamente lúcida.
Lucidez embriagante jorrando as sensações mais loucas e puras. Não quero viver uma paz fabricada e indolor mergulhada nos traços mais bem feitos de uma paisagem brilhante e asquerosa. Quero a dor, porque a dor é vida, e "fugir da dor é fugir da própria cura". Quero traços borrados, quero as cicatrizes, quero a lucidez que me deprime e me joga num furacão de sentimentos. Viver sem dor é viver sem sentir; é como jogar areia na ventania. Terei orgulho das minhas marcas, e terei lucidez o bastante para mergulhar na gelatina de pensamentos, cheia de borrões e imperfeições, e ter a certeza de que vivi da forma mais intensa e genuína, satisfazendo toda essa insanidade sem fim.

O Vento Perdido

Tinha a todos seus sorrisos
Sem medo vivia livre
Tinha medo que fosse embora
Agora pode ser sua hora

Confusão que a trazia
A loucura chega mais perto
E como sempre era incerto
Era agora a sua mania

Nem seus sonhos avisaram
Seus sonhos agora acabados
Tinha ela então dois lados
E ela nada escolheu
E ela então se esqueceu

Seu medo era não ter medo
Medo do fim ser mais cedo
Escolheu então o que não viu
Sabia ser como se pediu

Dizia viver sem intenção
E que nada disso valia seu perdão
Seu rosto calmo se inundava
Sua boca inquieta não esperava

Passava ela a noite acordada
Encarava o breu sem esquecer
Sem esquecer do seu maior prazer
E nos seus olhos o vazio
De quem pensa muito e não diz nada

De quem já riu tanto até cair
E se sente a pessoa mais amada
E sem querer chama tudo pra si
Quieta e incerta, mas de voz calada

Mas ela vai e não se cansa
Ela vai em frente tão mansa
Sabe agora que tudo pode
E ninguém sabe mais que ela mesma

Ela vai feliz caminhando para o fim
Encara o vento e a luz de frente
Assiste toda a beleza que lhe chama
E chama mais que qualquer um
E ela nunca soube entender

Ela só sabe agora correr
Deixa suas lágrimas por onde passa
Porque agora ela entende
Ela liberou sua mente

Faz sua vida valer por inteiro
Seu medo não é mais medo
E parecia tão cedo que ela só podia sorrir
E correr mais para o seu vento

Vontade de entender e não perder
Vontade de uma vida inteira
Que ela tinha a sua frente
E parecia tão diferente
Pois agora tudo é claro

Ela encontrou seu caminho tão longe
Encontrou seu eu sempre perdido
Era tudo que ela tinha pedido
Tinha pedido e não sabia

O gosto amargo ela não conhece mais
Seus olhos fechados e boca tão quieta
Ela podia agora ser incerta
E ser o que sempre foi sem saber

E continuava a correr
Correr do nada que ela não pertencia
E que se libertaria um dia
O dia que valeu toda a sua vida

(Dez/2008)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Imerso em Lucidez

Tudo que sei é dos meus delírios mais profundos
Tão escondidos que ficam na cara
Camuflados nas mais banais e bem planejadas ações
Em que desprezo cada movimento e respiração ao meu redor
Desprezo a mim mesmo e essa falta de coragem audaciosa
E de uma petulância sem tamanho
Que me faz invejar desesperadamente a sinceridade
Da mesma forma que invejo a falsidade
Dois lados do mais perfeito escudo
Tijolos do muro da fortaleza de insanidades
E embriaguez sem fim, sem jeito e sem defeito
Tão louca como o outro lado do muro
Tão calma como o escuro, que me apavora
E me joga de volta na sinceridade sem sentido
Nas horas mais impróprias
E me deixa sem abrigo
Dividindo sua loucura apenas comigo
Imerso na mais incômoda lucidez

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Como sonhar?

Henrique, certo dia, resolveu brincar de sonhar. Ouvia dessa brincadeira a todo momento pelos lugares que passava, e tinha tanta vontade de tentar. Com certeza era divertido, ele pensava; "Só pode ser! Eles sorriem tanto quando brincam disso... Só pode ser!". Ele sabia que aquilo podia fazer ele sorrir também, e ele queria tanto sorrir como os outros em volta. Sorrir parecia bom; parecia ser diferente daquela dorzinha encômoda que ele sempre sentia. Era uma dor que não era dor, não tinha lugar, não tinha jeito, não parecia dor. Mas incomodava, disso não tinha dúvidas. Sempre que falava dessa dor pra sua mãe, ela respondia que ele devia se acostumar; "É pra sempre, filho, não tem como tirar. É dor de nascença, é assim que você é, e é assim que sempre vai ser.". Ele sempre insistia no assunto, pois sabia que podia mudar. Logo percebeu que sua mãe também tinha essa dor, e o que mais queria na vida era sumir com a dor todinha. Pensou, então, que sonhar talvez pudesse tirar aquela dor, mesmo que não fosse pra sempre. Sua mãe sabia o quanto ele queria sonhar, e o quanto a dor incomodava. A dor estava lá desde que ela descobriu que era gente, e aquele mal de nascença também atacava seu filho. Ia remoendo, tão devagar e sem vontade, até que em um certo momento ela se torna insuportável e incontrolável; é você agora sem vontade; e ela te faz querer correr, sumir de tudo, apagar em um silêncio sem fim. A dor corrói e te amarra, e sonhar é o único remédio. Foi o que sua mãe descobriu; ela queria sonhar também. Ia sonhar pra sempre, e ia mostrar para Henrique que a dor tinha remédio, e que ele podia viver jogado num infinito de nada, num desejo supremo de flutuar e não sentir, num lugar onde não existe motivo pra dor; não existe motivo pra fugir, e nem pra sonhar.
E Henrique aprendeu a brincar de sonhar. Seu sonho eterno, abraçado com sua mãe, sem nunca mais sentir dor ou medo. Sem nunca mais sentir nada. E como é bom sonhar.

domingo, 30 de agosto de 2009

A Loucura e o Desconhecido VI

No caminho da cozinha, onde começaria a colocar o plano em prática, parei por um momento sei lá porque, e acabei entrando no meu quarto. Por um momento, lembrei de um velho utensílio que mantinha guardado na parte mais alta da estante das “coisas velhas e sem utilidade” em um dos cantos do cômodo, onde quase nunca ia, e normalmente nem reparava em qualquer coisa que houvesse por ali. Tinha guardado lá, em meio a caixas e papeladas sem importância, uma pistola calibre .25. Nunca a usei, e não sei porque ainda a deixava ali, talvez porque não lembrava mais que havia algo assim em casa. Ela existia por um costume de família que acabei levando para a minha vida por uma falsa sensação de segurança, que na verdade nunca tive, pois mesmo se precisasse não a usaria. Sei apenas que, tal objeto na casa de um potencial suicída, não pode dar certo.
Não era o que tinha planejado, e de qualquer jeito, não era meu ideal de morte. Não havia sentimento, não havia o que degustar, o que sentir, o que aproveitar do momento. Era um modo simples e rápido – e não muito limpo – de dar um jeito nas coisas. Mas apesar de tudo, fui até aquela coisa linda mesmo assim. E como era linda. Sentei devagar na cama, segurando-a forte e olhando fixo para ela na minha mão. Foram alguns segundos que duraram uma eternidade, enquanto minha cabeça ponderava com extrema frieza se aquilo poderia ser a solução para a minha inquietação. E o tempo parava novamente, em mais um momento crucial da manhã mais reveladora da minha vida. Abri a trava da pistola, e a partir de agora, tudo podia acontecer. Tremia sem controle, suava de me enxarcar inteiro, e tudo passava de forma enlouquecida na minha mente, enquanto o tempo andava e andava.
Cheguei a esquecer do que tinha em minhas mãos. Mas lembrei logo, quando da porta veio um pequeno ruído, que para mim era como um berro bem nas orelhas, interrompendo meu estado de transe e pensamentos malucos, o que causou um instantâneo impulso na minha mão, sem a menor chance de escolha, de forma totalmente involuntária. O barulho estridente da porta foi rapidamente seguido por um estrondo pesado e seco no chão. Estrondo de um corpo. Um corpo feminino, de tanta vida e brilho algumas horas antes, e agora apenas um corpo, com a vida espalhada por todo o chão do corredor.
O outro corpo na cama era também apenas um corpo, sem vida, sem intenção, sem vontade, sem existência. Não merecia a vida, e seja lá o que houvesse ali dentro, estava agora também espalhado, e o que nunca foi lembrado estava agora esquecido para todo o sempre.

A Loucura e o Desconhecido V

Permanecia totalmente entretido pela claridade inicial do dia. Estava na sacada da sala de cima, lugar isolado da casa e com vista para o gramado – diversão de outrora - e para o nascer do sol. Os raios chegavam cada vez mais para acalmar meu eu perturbado e quase inexistente. Me sentia tão leve e tão vivo que o tempo parecia ter parado, num momento único de clareza pessoal que acabava de dar rumo à minha vida, e ironicamente, o caminho era o fim. Somando os efeitos alcoólicos da noite anterior, que continuavam atuando, ao forte vento matinal que batia no rosto, minha visão ficava realmente embaçada. Não via a paisagem definida na minha frente, via apenas as cores se misturando no chão, indo para o horizonte, e se perdendo em novas cores no céu ainda nublado e claro que se formava. O tempo ruim prolongava a transição noite-dia, e todo aquele jogo de sensações brincando comigo e provocando cada canto do meu corpo me fazia quase flutuar.
Encostado na grade e vendo quão alto era ali, abri os braços e fechei os olhos como se me entregasse para aquele vento que apitava no meu ouvido e arrepiava até minha alma, e era como voar. Não sei como é voar, mas com certeza não é algo muito longe daquilo. Por um momento lágrimas escorreram pelos lados, e do choro emocionado no primeiro momento, sem que eu pudesse perceber, parti para um choro desesperado, molhado, e totalmente sincero. Estava agora jogado no chão, soltando tudo que se prendeu dentro de mim durante todo esse tempo de passividade e frustração, e que agora podia liberar por completo em um desabafo acumulado que explodia e crescia a cada segundo. Era um choro desejado, de alguém que nunca conseguiu se abrir e, simplesmente, se deixar levar. Não por falta de vontade, e muito pelo contrário, sempre foi uma necessidade vomitar as minhas bagunças mentais e limpar um pouco o que havia dentro de mim, mas sempre tive uma enorme trava segurando tudo isso. Naquele momento, junto das infinitas lágrimas e dos sentimentos perdidos, expulsei o tal ser que vivia dentro de mim fiscalizando e oprimindo a minha vida. Fiquei mais leve, e estava então pronto para o passo final.
Aquela erupção emocional deu lugar a uma calmaria que chegava a ser assustadora. Minha mente estava muda, nada se manifestava em um silêncio que daria medo se não fosse exatamente o que eu precisasse. Era como andar por uma praia imensa, quase sem fim, sentindo a maré batendo bem de leve e a brisa escorregando pelas curvas do meu corpo, com o azul limpo do céu me hipnotizando e me guiando, e sem ouvir um único e mínimo ruído. Nada, simplesmente mudo. Estava focado nos preparativos do mais importante acontecimento da minha vida, e ia sentir cada mísera parte de todo o processo, que na verdade nem era algo longo ou complexo, mas que para mim, a partir daquele momento, significava uma saborosa imensidão a minha frente.

A Loucura e o Desconhecido IV

Nunca pensei na vida do modo que todos pensam. Buscava uma lógica, uma explicação, ou uma teoria em tudo ao meu redor, como um artifício a que eu me apegava para aceitar as condições e a completa falta de certeza de tudo. Vemos a vida como a dádiva suprema, que deve ser valorizada e cuidada sempre, sofrendo e nos submetendo a infinitas regras que vão contra aos nossos princípios e à nossa natureza. Se não somos oprimidos por nossos atos ao seguir nossos instintos humanos e simplesmente viver, somos, ao contrário, pressionados a viver intensamente e aproveitar cada momento, pois nos dizem que a vida é curta e não podemos perder nada. Somos obrigados a sorrir e ser feliz, mantemos uma vida vazia, e fazemos tudo de forma mecânica, sem pararmos para entender ou buscar um sentido para isso.
Não vejo clareza nesse amontoado de pensamentos sem conteúdo. Nunca acreditei na idéia de aproveitar a vida cegamente, e nunca pude enxergar o seu sentido maior. Encontrei-me num impasse em que não via sentido no viver, ao mesmo tempo que, ao contrário do que se pode pensar, não via sentido em acabar com esse viver. A minha vida, que sempre se baseou na busca da razão das cosias, entrou num paradoxo em que ela própria não tinha uma razão para ocorrer. Aconteceu que, se nunca encontrei um sentido, a falta de sentido acabou se tornando ele próprio.
A noite com Alice me fez entender e concluir minha inquietação dos últimos dias. Andei pensando em tudo que tenho e desprezo, em tudo que desejo sem saber porque. A tentativa desesperada e cega de me sentir vivo novamente, e sem a culpa de desprezar a nossa dádiva preciosa, tornou minha vida tão automática e inerte que nenhuma das minhas ambições e dos meus desejos eram mesmo meus. Sem perceber, perdi o controle sobre mim e meus pensamentos, sobre as pequenas vontades e os maiores princípios. Parei de pensar ou refletir sobre os meus atos, me tornando, assim, um ser vazio, sem conteúdo, sem vida.
Meu colapso se deu quando enfim percebi o caminho que estava tomando. Fiquei sem forças, me senti frágil. Me faltou vida, me faltou existência, me faltou o que mais tinha esquecido: eu mesmo. E de repente, não havia mais pensamentos. Nem os dos outros. Por não saber se eram realmente meus eu automaticamente os ignorava, com medo de me sentir oco e sem capacidade de seguir o que eu mesmo queria. E o que eu queria?
Bem, a grande questão era se eu queria alguma coisa. E Alice, sem querer, me ajudou a entender que minha busca por entendimento e por vontades próprias não chegaria a lugar algum, pois, na verdade, eu não tenho vontades, não tenho desejos, não tenho pelo que ir atrás. Sou mesmo oco, e não preciso querer o que não quero. Sei apenas o que sinto no meu redor, e da forma mais bruta, sem adaptações desnecessárias ou explicações sem sentido. Não preciso buscar teorias no que está tão claro na minha frente, não preciso entender ou mudar nada. Minhas sensações são genuínas, e mostram tudo da melhor e mais verdadeira maneira. Se o vento bate no rosto, se o suor corre pelo corpo, se é claro ou escuro, se é quente ou frio. Um tapa, um afago, um soco, um beijo. Dor. Prazer. Está tudo ali, e se é preciso que doa, que faça sofrer, que machuque para se sentir, então que seja. Foi assim que a aparente total falta de sentido se tornou o verdadeiro sentido. Me libertei das pressões e das vontades falsas, me libertei do sentimento de culpa, me libertei da vida. E de uma hora para outra, vi que a ela não é para mim.

A Loucura e o Desconhecido III

Ela desaparece de vez em quando, só para variar um pouco de ares - é da sua natureza. Não tinha notícias há pelo menos uma semana quando ela apareceu do nada em casa, fazendo sua aparição habitual após seu periódico tempinho de desintoxicação do mundo. Eu não tinha grandes planos pra noite, e nem ela. Sua falta de rumo me intriga, mas é sempre divertido quando ela termina em casa. Ficamos por aqui mesmo, e começamos cedo. Trouxe consigo uma garrafa de whisky cheia que sobrou de sei lá que festa de sei lá quem. A origem não importava mesmo.
Ficamos jogados no gramado dos fundos, meu espaço preferido da casa. Com os enormes muros que cercam todo o terreno, qualquer luz externa é bloqueada, deixando o céu totalmente livre para ser admirado e encarado em sua plenitude. Um dos únicos lugares onde posso fugir de verdade para contemplar a minha distância do mundo que tanto me assusta. Mesmo com Alice, posso sentir alguma vez que não há controle, que não há regras, e que nada pode interferir nos meus atos. Enquanto esse turbilhão de sensações e pensamentos surgiam, os estalos começavam a explodir em uma conversa que ficava mais densa e desabafada quanto menor era o nível da garrafa.

*
Você pensa o quê da vida?
Pensa que vale a pena?
Esquece de toda aquela cena
E pisa em sua antiga ferida

Eles cospem no seu rosto
Te deixam tão cansado
E desse ser tão mal amado
Abusam a todo gosto

Chega ao fundo do poço
Tão logo e tão moço
Quando a sorte já fugiu

A vida vira as costas
E cancela as apostas
Somos levados pelo rio
*
Será que a vida é tão louca
Que quando percebemos
Lá se foram nossos remos
E a chance de volta é pouca?

Estamos tão perto da porta
Marchando rumo ao fim
Não existe mais um sim
Toda a esperança é agora morta

Desacreditado sempre estive
Mas cansei de ser quem vive
Na desordem que espanta

Cansei do que é falso
Já que estou descalço
Cubra-me com sua manta

*

A Loucura e o Desconhecido II

Na verdade, tudo não poderia ser uma simples idéia, como algo que surge na cabeça em um estalo e se torna uma hipótese, uma decisão a ser ponderada. Foi sim, de certa forma, um estalo que mudou tudo, porém ficaria pobre e injusto descrever algo tão grandioso dessa forma. É mais que uma idéia ou pensamento repentino. Isso, que me toma e me leva para longe, que me impede de me distrair e interagir com o resto do mundo, que me faz ter uma repulsa natural pelo modo que tudo funciona, que me faz procurar a solidão, não apenas como uma fuga, mas como um prazer, e periodicamente - agora mais ainda - me impede de dormir e ter outras preocupações. Isso é maior que uma sensação isolada, é maior que qualquer outra coisa dentro de mim. É como um organismo nascido junto comigo, que vive e cresce em mim, que toma minha cabeça e domina tudo que passa por ela, como um fiscal, controlando o que entra e sai, modificando ou apagando quando é preciso. Um organismo que não suporta, não tolera, e não se enquadra nas situações e regulamentos do ambiente exterior, e que aos poucos foi chegando ao seu extremo, explodindo o limite do que poderia ser tolerado. Foi necessário, então, apenas aquele estalo para que a idéia – agora sim, uma idéia como deve ser – aparecesse e uma atitude fosse tomada para dar um fim à incompatibilidade e à falta de explicação. Um fim doloroso a princípio, mas definitivo.
O tal estalo surgiu ontem em meio a uma conversa com Alice, em uma de nossas madrugadas em que tudo o que fazemos é ingerir a maior quantidade de álcool possível enquanto falamos do que vier na cabeça, sem censura, sem medo, seja de quem ou do que for. Foi sempre uma das belezas de nossa relação estranha: poder ser eu mesmo e liberar tudo o que acontece aqui dentro - ou pelo menos quase tudo. O quase nunca foi culpa dela, longe disso; foi sempre, na verdade, uma certa barreira de segurança, funcionando inconscientemente na maioria das vezes. Há coisas que não poderia dizer, simplesmente como uma auto-proteção que qualquer um tem e precisa ter, e há coisas que, mesmo podendo, não saberia como dizer e explicar, pois funcionam na minha própria lógica excêntrica.
Mesmo com esse pequeno quase, não há ninguém nesse mundo que me conheça tão a fundo quanto ela. Já nos amamos, já nos odiamos, já brigamos e já choramos, já rimos e já surtamos juntos. E apesar do que aparenta para muitos, não somos um casal – não mais. Já tivemos nossos momentos de loucura um pelo outro, mas isso ficou na boa lembrança apenas. Penso que evoluímos, mantendo apenas nosso laço eterno de irmãos que somos, de forma genuína. Fomos sempre muito diferentes, tanto do modo de agir como lá no mais fundo dos nossos eus. Pensamos de modo diferente, vemos o nosso redor de modo diferente e com focos diferentes. Sempre tivemos desejos, vontades e ambições também muito diferentes. Porém passei a entender e respeitar seu comportamento com o tempo, por mais estranho e sem sentido que pudesse parecer para mim algumas vezes.

A Loucura e o Desconhecido I

Não dormi esta noite. Passei cada minuto da madrugada ouvindo os latidos pela vizinhança, o barulho medonho do vento nas janelas e os trovões que ameaçavam fazer tudo ir a baixo. A chuva gelada e barulhenta só deu uma pausa pela manhã, dando o lugar de sua raiva para os leves pingos que escorriam da calha do telhado. Sim, geladíssima. Sei disso pois pouco antes dos primeiros raios de luz, após minha longa jornada bagunçando os lençóis e reparando na luz da TV que não parava de piscar, me deu vontade de sair daqui. Surgiu uma vontade maior ainda de mergulhar naquela chuva grossa, que vinha acompanhada somente pela luz da lua, em parte escondida atrás de enormes nuvens negras avermelhadas, porém não tive coragem de enfrentar aquele frio todo. Fiquei ali, apenas encarando a fúria da água e a falta de vida da escuridão. Falta de vida que sempre me amedrontou e me desafiou, mas naquele momento me chamava e me mantinha atento como balas coloridas para uma criança. Era o desconhecido, que nunca encarei durante a minha vida, quase que trocando palavras e sensações comigo.
Aos poucos aquela chuva eterna vinha enfraquecendo, assim como o vento, ao mesmo tempo que surgia a fraca e singela iluminação do início da manhã. Voltei para dentro, encarando um ambiente tão silencioso e calmo como nunca poderia ser em nenhuma hora do dia. Talvez até pudesse, mas não para mim. Estava entrando na hora onde tudo está em seu estado fundamental, sem movimentação, sem a loucura usual. Apenas minha cabeça pensando, analisando, e ponderando, na mais perfeita harmonia e simplicidade, que somente eu, e mais ninguém, poderia me proporcionar naquele momento tão único. Um momento breve, infelizmente, que é seguido pela pior das horas, onde toda a loucura retorna, e com ainda mais força, introduzindo todo o resto de podres que se seguem nas horas seguintes, enquanto mata o clima daquele primeiro momento para que não volte mais por um longo e mascarado período chamado dia. Vestimos, então, nossas armaduras, prontos para situações tão ridículas e sem importância que só fazem aumentar nossa vontade de fuga, vontade de proteção, e nos fazem buscar o momento mais puro do dia simplesmente para poder acreditar que pode ser assim, que pode ser tudo tão individual e sozinho por alguns minutos. Que podemos acalmar nossa alma. E acabo me perguntando o porquê de nos privar desse momento simples, e ir direto para a parte ruim. Talvez a graça só exista justamente por isso. Talvez. Só sei que não desperdicei meu tempo pensando no que viria. E nem se quisesse.
As milhões de coisas que bagunçaram minha cabeça durante todo o tempo que usaria para o sono continuavam lá. Elas, na verdade, estavam ali há tempos, mas ganhavam força nas últimas horas. Havia amadurecido a idéia que, até então era tão distante e tímida, tão sem querer, e até mesmo tão cômica, e que agora ganhava força e necessidade. Uma força maior que eu mesmo. Uma vontade suprema, um pensamento e um sentimento que se tornavam fato na minha cabeça. Um fato com razão e explicação, mas talvez sem muita intenção.