quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Inexistente #2

Vi de longe uma menina andando sozinha naquela escuridão. Fazia o mesmo que eu. Ela olhou pra mim por alguns segundos, abaixou a cabeça e continuou andando. Não era possível ver tantos detalhes daquela distância, mas pude ver que tinha cabelo escuro, comprido até o meio das costas, e caminhava lindamente.
Tinha um ar despreocupado no seu andar. Se balançava toda, mas de forma suave. Seguia um certo ritmo, andava sem pressa e sem medo. Podia estar com a cabeça cheia de assuntos inacabados, ou completamente vazia. Ou os dois juntos, assim como acontecia comigo.
Quando você tem tanta coisa bagunçada na sua cabeça e para um pouco pra pensar, tudo continua lá mas você simplesmente apaga. Você não esquece, mas aquilo se torna secundário. É estranho acontecer justamente na hora que você pode analisar cada coisa, mas é assim que funciona. Vem tanta coisa ao mesmo tempo que você nem olha pra elas. E é bom assim.
Estava a um quarteirão de distância da menina. Ela olhou pra mim de novo quando chegou na esquina da rua de baixo e virou para a direita. Fiz o mesmo.

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